Foi muito emocionante a preparação para regressar ao Sumbe, muito coração apertadinho, muitas ideias, muitas esperanças... costumo pensar que os meus sonhos começaram depois de conhecer a comunidade do Gungo e do ano que estive na Missão. Quando regressei a Portugal em Julho de 2007 deixei as novas manas e o Opatele David a fazerem as mudanças para a Ondjoyetu no Sumbe. Não tinha chegado a dormir lá. Por isso foi com muita alegria que depois de uma viagem no sábado com uma paragem pela Gabela e pela Boa Entrada (mas mais uma vez sem Tocota!! :P), chegámos ao Sumbe e ficámos gentilmente alojados na Ondjoyetu.
Então, voltei à missão com os meus pais, a Ana Bela e o Georgino, e os novos amigos da missão: Mafalda, Ricardo Matos, Ricardo Fortes e Ângelo. Aqui estamos nós em frente ao Ondjango da nossa Ondjoyetu, construído com bambús do Gungo :) Quando conheci estes amigos em Luanda e lhes expliquei que já cá tinha vivido um ano em missão no Sumbe, perguntaram-me logo: "E não se pode ir visitar a missão? Temos aqui um grupinho que alinhava!". Falei logo que possível com o Pe. David que entretanto regressava de Portugal e combinámos a ida.
Chegámos sábado à noite ao Sumbe (onde já temos um Nosso Super, que é como quem diz uma grande superfície comercial, um supermercado/hipermercado), e fomos logo ao encontro do nosso amigo Sr. Pinheiro, que mais uma vez muito gentilmente nos emprestou o seu jipe para irmos à missão! Aqui fica o nosso twapandula!
No domingo de manhã partimos em direcção ao Gungo, e por muito que as manas me tivessem dito que o caminho estava muito melhor até à sede do Gungo, a aldeia do Uquende, não vos consigo explicar o quanto fiquei espantada todo o caminho de picada e sempre a dizer "para chegar aqui demorávamos não-sei-quantas-horas e agora foram só 30 mins!!". O caminho foi realmente muito melhorado, o pior vai ser agora a chegada das chuvas, mas para o Uquende demorámos 1h30 na picada (mais 1h de estrada alcatroada, desde o Sumbe) e em 2006/2007 demorávamos no mínimo umas quê 5h?? no tempo bom!! nem sei... acho que já fui apagando estes valores que ficam de lado quando nos centramos no objectivo que temos. Realmente foram tempos difíceis de chegar à missão, mas agora voltar e saber que as cantinas da Missão avançam, as formações estão a dar frutos, tudo ganha o verdadeiro sentido... resta-me ter a humildade de perceber que os sacríficios do primeiro ano de missão foram muito menores que os sacríficios do povo e valeram muito a pena por podermos estar ao lado de irmãos que ansiavam por alguém.
Então, no domingo reeencontrar o povo que tantas vezes me disse "mana, não nos esqueças!", foi uma imensa alegria. E poder levar amigos para os conhecerem e não esquecerem também, foi fantástico. Vamos vendo a pouco e pouco esta Missão caminhando e espalhando esperança no mundo! Na missão encontrámos o Pe David, a mana Ana (que de atarefada nem a apanhámos numa foto! grande falha! Anita fica pra próxima... sim, porque se Deus quiser vai haver próxima!), e o mano Armando acabadinho de chegar à Missão. Ele, como já escreveu a Ana é cheio de iniciativas e lá levou os meninos da nossa viagem até ao topo da montanha onde fica o Uquende. Oh pra eles...
Na viagem de regresso do Gungo ao Sumbe perguntei aos novos amigos se tinham gostado de visitar a missão e esta foi a primeira resposta que ouvi "foi o melhor dia que passei em Angola". Não sei bem se o povo do Gungo tem a consciência de que mais do que eles recebem com a presença da equipa missionária, há o imenso que eles dão com os seus sorrisos honestos e vontade de tornar sonhos em realidade!
E como já vai longo este relato, e se leram até aqui têm mesmo muita paciência, vou terminar.
Twapandula Gungo! Estamos juntos*