domingo, 3 de fevereiro de 2008

PRESENTE

Dois homens, gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital.

Um deles podia sentar-se na cama durante uma hora, todas as tardes,
para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava
junto da única janela do quarto.

O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.

Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres,
famílias, das suas casas, dos seus empregos, dos seus hobbies, onde
tinham passado as férias...

E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava,
passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as
coisas que conseguia ver do lado de fora da janela.

O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de
uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a
actividade e cor do mundo do lado de fora da janela.

A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes,
chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus
barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as
flores de todas as cores do arco-íris.

Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da
silhueta da cidade podia ser vislumbrada no horizonte.

Enquanto um homem descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o
outro fechava os seus olhos e imaginava as pitorescas cenas.

Um dia, o homem perto da janela retratou com tal pormenor um desfile
que ia a passar, que o outro até conseguia ver e ouvir a banda a
tocar...

Dias e semanas passaram.

Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto com a água para os seus
banhos, e encontrou sem vida, o homem perto da janela, que tinha
falecido calmamente enquanto dormia.

Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que
levassem o corpo.

Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser
colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e
fez a troca.

Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a
enfermeira deixou o quarto.

Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiou-se no
cotovelo, para contemplar o mundo lá fora, fez um grande esforço e
lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para
uma parede de tijolo!

O homem perguntou à enfermeira porque é que o seu falecido companheiro
de quarto lhe tinha descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora
da janela.

A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver
a parede.



Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos
nossos próprios problemas.

A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando
partilhada, é duplicada.

Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o
dinheiro não pode comprar.

" O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente."

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