segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Tempo de aprender a sonhar…

Muitas vezes, antes de partir em missão, ainda no meu país, me interrogava sobre o que sonhava para o meu futuro. Quais as minhas ambições? Onde pretendo chegar? Quando anunciei a minha partida essa foi uma questão que muitas pessoas me colocaram: o que vais fazer quando voltares? Não vais prejudicar a tua carreira, o caminho que já estás a começar a percorrer? Até agora, a única resposta que sei dar a esta pergunta é que vou sempre lutar por fazer alguma coisa, vou dar sempre o meu melhor e entregar nas mãos de Deus as inquietações do “o quê”, “onde” e “quando”.
Falo-vos disto aqui porque estes primeiros tempos na missão me fizeram repensar estas questões. As ambições e ansiedades do povo do Gungo são bastante diferentes das que eu, e a maioria da população em Portugal, terá… Este povo ambiciona regressar à sua terra de origem, depois de ter fugido há anos por causa da guerra. Muitos ambicionam ter uma casinha simples, um trabalho que lhes permita sobreviver, a chegada de água em condições à sua aldeia, um posto de saúde, uma escola… Começo a conhecer os verdadeiros contornos de uma verdade que ouvi muitas vezes na formação de preparação para a missão: em missão aprende-se a valorizar o essencial. Aqui, já percebi que esta valorização passa, em primeiro lugar, por uma redefinição do essencial. Aqui, já percebi que posso aprender a sonhar e a concretizar os sonhos com passos pequenos, mas firmes, porque apoiados na Fé em Deus. E quero aprender, e levar do contacto com este povo, a capacidade de sonhar, a esperança no futuro, e a vontade de concretizar cada sonho com os passos que Deus permitir. O mais bonito destes sonhos é que são sonhos de comunhão… precisam do povo do Gungo, da equipa missionária e de todos os que, mesmo à distância, se dispõem a apoiar e a ajudar a concretizá-los… e o mais importante de tudo: a presença de Deus nessa comunhão.
Ya! É tempo de aprender a sonhar bué!

Estamos juntos!

Vera*

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