terça-feira, 3 de outubro de 2006

Como vai a nossa missão

Se é verdade que em Portugal a vida não pára, e é bem acelerada, também é verdade que estes primeiros dois meses de missão, apesar do diferente ritmo africano, têm já muitas histórias e emoções vividas… aqui fica a tentativa de os resumir para o nosso jornal!
Tenho de começar pela chegada a Luanda e pelo choque que se sente face às condições de vida que se nos deparam… o crescimento desequilibrado, os bairros com ruas de lixo e águas paradas e sujas… a dificuldade de aceitar que o que vemos existe mesmo! Depois a viagem até ao Sumbe percorrendo pela primeira vez estradas esburacadas que se hão-de tornar rotineiras. Por contraste com a capital, surge o encantamento com a cidade do Sumbe e, posteriormente, o deslumbramento com o Gungo! A paisagem, e sobretudo a população com os seus sorrisos, palmas, cânticos e alegria contagiantes, a magia de um terço rezado com fé à volta da fogueira – e não podemos esquecer os 314 baptismos já celebrados! Cada zona no Gungo tem o seu encanto especial e as suas especificidades na paisagem, mas os “tchaués” e os sorrisos das crianças são semelhantes!
Não posso esquecer as novas condições de vida… esforçamo-nos para nos adaptarmos à alimentação (provar os novos sabores, descobrir o que se gosta, ou não!) e à falta de luz eléctrica e água potável; estabelecem-se os primeiros contactos com aranhões, mosquitos, grilos, morcegos, ratos, baratas, sardões, e osgas, com as galinhas, porcos e cabritos que existem por todo o lado, vemos ao longe macacos, esquilos, galinhas do mato, canta-pedra, aves de rapina, tucanos, formiga quissonde… e aprende-se que “isto também é missão”: estar com as pessoas (“a primeira tarefa do missionário é sentar”), celebrar Cristo Vivo, esperar (os contentores, os vistos de residência, o início das obras…), “chocalhar” na picada, cozinhar todos os dias, carregar (caixotes, telhas, vigas, cimento, tijolo, baldes com água), aprender a sonhar, estar disponível para os imprevistos, conviver em grupo… encontrar um ritmo de partilha, de vivência, que concilie o descanso necessário para evitar as doenças (que temos conseguido evitar, graças a Deus) e o trabalho a realizar.
A missão é um grande desafio que agradeço todos os dias a Deus por mo ter dirigido! Bendigo a coragem de o ter aceite, o apoio dos que ficaram, a ajuda dos que participam no projecto e o acolhimento dos que nos recebem! Que mais posso dizer a não ser: Ame ndukupandula Ñgala! (Eu te agradeço Senhor!)

Estamos juntos! Tchauéééé*

Vera *

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